Como anda o rock? Indie Rock bombando nas playlists
Confira lista com destaques do Indie Rock nacional contemporâneo
De tempos em tempos o bastão é passado para a próxima geração de jovens. Ainda mais quando o assunto é a cultura pop. Isso se extende também para as tendências e comportamentos. No momento, os jovens da Geração Z – pessoas nascidas entre 1995 e 2010 – hoje representam 24% dos brasileiros, com aproximadamente 51 milhões de pessoas, são um mercado explorado pelos diversos setores da moda, tecnologia, games, comportamento a cultura pop. Tendo a música um importante papel na forma de se comunicar, seja por memes como por trends de TikTok.
Indie Rock
Estilo consolidado entre a metade dos anos 80 e 90 reaparece no radar, principais playlists e trends como o exemplo do The Drums.
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Apesar do termo Alternative Rock ter ganho corpo – e popularidade – na década de 90, sua construção vem de muito antes. A bem verdade é que ele é um filho bastardo do punk rock em seu espírito D.I.Y., porém sua sonoridade destoa.
Tanto é que o termo passou a ser usado como refúgio a todo rock que fugia do mainstream do rock na época. Pensando em anos 90 o rock alternativo estava muito mais ligado ao College Rock, noise pop, shoegaze e Grunge do que o (popular e comercial) hard rock. Apenas para exemplificar.
O primeiro a usar o termo foi o Terry Tolkin (Vice President da A&R na Elektra Records – entre 92-96 – e posteriormente fundador do selo No. 6 Records). Ele mencionou o termo “Alternative Music” ainda em 1979, para tentar rotular as bandas que estava ouvindo. Ele que mais tarde trabalharia com bandas como Stereolab, Afghan Whigs, Nada Surf, Tindersticks e Butthole Surfers.
No Brasil
O estilo chegou forte no brasil nos anos 90/00 e desde então tem apresentado uma série de bandas. Pato Fu e Cansei de Ser Sexy são bons exemplos de artistas que conseguiram flertar com o mainstream. Porém onde ele tem casa, e sempre ferveu, é justamente no underground. Geralmente bem longe das rádios convencionais.
Nos últimos anos com a internet, muitos artistas conseguiram crescer suas redes fazendo com que o estilo esteja presente nos principais festivais do país, como Rock In Rio e Lollapalooza. Muitos deles ganham visibilidade semanalmente através de playlists editoriais do Spotify, como, por exemplo, a Indie Brasil (siga na plataforma).
A volta do Indie rock aos holofotes no Brasil
Não que em algum momento o indie rock produzido no Brasil e no mundo, tenha deixado de acontecer. Muito menos que excelentes bandas tenham deixado de aparecer. Mas sim, o interesse midiático e os holofotes dispersaram para outros estilos. Com a busca recorrente por novos artistas, tanto playlists como festivais tem escalado novos nomes. Por isso separamos nomes que se destacam e de certa forma dialogam com o revival que tem acontecido no exterior.
brvnks
Após lançar Morri de Raiva (2019) pela Sony Music, a goiana brvnks após divulgar no último ano os singles “happy together“, “sei lá (feat. raça)“, “Holy Motors” e “as coisas mudam” finalmente disponibiliza o álbum meet the terrible, desta vez de forma totalmente independente e com a companhia no estúdio dos produtores Gaspar Pini e Gabriel Mielnik. A artista, inclusive, revelou recentemente que a banda base para suas apresentações ao vivo será formada pelos integrantes do Raça.
Com 10 faixas ao todo, o material marca também o início das composições em português dentro do seu repertório. Na narrativa do disco ela deixa de lado os problemas adolescentes e dá luz a reflexões sobre os dilemas da vida adulta, mostrando um pouco do lado doce e amargo desta fase marcada por entendimentos e aceitações das próprias limitações e imperfeições.
Dos amores mal resolvidos, mudanças, conflitos da rotina em uma grande cidade, as crises existencialistas, o material com doses de rock alternativo revela um lado ainda mais pop de brvnks que entre as inspirações vai de CSS, passando por The Cranberries, Gus Dapperton e Dayglow.
“O disco todo é um caminho por onde eu to percorrendo pra me entender, a “happy together” ainda to no choque final – aonde ainda to cometendo os mesmos erros – e as coisas mudam já é o começo do acordar aí. “sei lá” vem com um pouco mais de entendimento sobre fazer o que eu preciso fazer, sobre a banda, nossas dúvidas de todo mundo que tá nesse corre, entender que talvez também seu lugar não seja ali, se resolver, e fazer o que for preciso pra seguir em frente.”, conta brvnks
Terno Rei
Após o bem sucedido Violeta, o quarteto paulista Terno Rei formado por Ale Sater, Bruno Paschoal, Greg Maya e Luis Cardoso preparou uma série de lançamentos como os feats com os curitibanos da Tuyo (confira “Pivete”) e a banda gaúcha Fresno (Ouça).
Além disso eles apresentaram o projeto Conexão Balaclava, onde apresentaram faixas próprias e versão para clássico do Skank ao lado de Samuel Rosa, uma versão para “Lilás” de Djavan feita especialmente para um projeto da Deezer; o clipe para “Medo“, além do lançamento do documentário dos 10 anos da banda paulista.
Em 2022 eles lançaram sucessor de Violeta. Gêmeos, inclusive, saiu pelo selo paulistano Balaclava Records e mostrou uma guinada do grupo para o pop, trazendo referências do pop rock dos anos 90 e dos anos 2000.
Cidade Dormitório
Formada por por Yves Deluc (guitarra e voz) e Fábio Aricawa (bateria e voz), a banda sergipana Cidade Dormitório lançou seu segundo álbum de estúdio, RUÍNA ou O começo me distrai, com direito a temáticas sobre a cibertecnologia e baixo glamour técnico.
O som do duo é o resultado de uma mistura delirante entre psicodelia, post-punk, sentimentalismo, modernidade, estética lo-fi e experimentalismo. Com guitarras delirantes e leveza, o material assim como o disco anterior, parece criar imagens etéreas para que o ouvinte possa se emancipar por alguns instantes do mundo acelerado, conectado, acachapante e confuso em que vivemos.
“Temáticas que já versavam sobre distâncias, causos do cotidiano e experimentalismos de baixo glamour técnico tomam agora um contraste que estende ainda mais as geografias possíveis. Cibertecnologia e a modernidade são algumas das coisas que perpassam pelo disco”, conta Yves
Marina Gasolina
A compositora, cantora, professora, artista visual, e escritora paraense, Marina Vello, mais conhecida como Marina Gasolina, retorna a música após quase 10 anos do seu álbum solo de estreia lançado em 2013, Commando. Conhecida como uma das fundadoras do Bonde do Rolê, a artista também é metade do Madrid (duo formado com Adriano Cintra).
O novo álbum, Dispopia, lançado em novembro do ano passado trás consigo algumas curiosidades. Como, por exemplo, ter sido gravado em 2014, quando residia em Paris. O material acabou engavetado por anos quando Marina precisou se resguardar para lidar com a dependência química. O lançamento em 2022 acaba por si só sendo simbólico. O disco foi resgatado, mixado e masterizado por Rafael Panke (Ruído por mm/Delta Cockers).
“Dispopia é uma obra sobre luto, pulsão de morte, uma ode às drogas e ao fim do mundo. Ao fim de tudo.”, sinteriza Marina Gasolina sobre o encerramento de um ciclo
Raça
Após Deu Branco (2013) e Saboroso (2014), a banda paulistana de rock alternativo Raça disponibilizou em 2019 seu mais recente material, Saúde, via Balaclava Records. O disco conta com participações especiais nos vocais de Heloisa Cleaver e Bruna Guimarães (a brvnks).
Em sua formação o grupo que conta com Popoto Martins (guitarra e voz), Thiago Barros (bateria), João Viegas (teclado e vocal), Santiago Mazzoli (guitarra) e Novato Calmon (guitarra e vocal), mostrou no último disco uma maturidade e percepção sobre envelhecer – e suas consequências. Neste lançamento também é notório o maior uso dos sintetizados, trazendo referências dos anos 90, do indie rock ao emo. Se gostou da sonoridade do grupo vale conferir também o trabalho do eliminadorzinho e dos mineiros da El Toro Fuerte.
Plutão Já Foi Planeta
Representando o indie pop nacional os natalenses da Plutão Já Foi Planeta apareceram como destaque na terceira temporada do SuperStar da Globo. Formado em 2013, o grupo passou por uma série de mudanças em sua formação atualmente tendo na linha de frente Gustavo Arruda (Voz, Guitarra, Contrabaixo Elétrico); Sapulha Campos (Voz, Guitarra, Ukulele, Escaleta) e Cyz Mendes (Voz).
Em sua discografia os potiguares contam com os discos Daqui Pra Lá (2014), A Última Palavra Feche a Porta (2017), além do EP Risco de Sol (2020). Lançado em Outubro de 2020, o mais recente lançamento completo, conta com releituras de canções potiguares “O Roqueiro e a Hippie”, “Demora Não”, “Quem Ama Perdoa” e “Esses Meses”, o projeto conta ainda com a faixa autoral que leva o nome do EP, “Risco de Sol”. No ano passado eles disponibilizaram também uma série de singles soltos para mostrar a nova fase.
Entre os feitos do grupo estão a participação no Lollapalooza Brasil, em 2018, e a participação no Rock In Rio, diretamente do Palco Sunset, em 2019.
Basement Tracks
Formado em 2012, o conjunto formado por Victor Fonseca (guitarra e voz), Ruan Lustosa (guitarra), Rodrigo Baumgratz (baixo), Lucas Duarte (bateria) e Ruy Alhadas (teclado) surgiu em Juiz de Fora (MG) no ano de 2011. Entre as influências eles citam grupos como Stone Roses, MGMT, Air, The War on Drugs, Jagwar Ma e Brian Eno. Mostrando bastante da pluralidade do som da banda capricha bastante na produção e experiência sonora.
“Penso que desde o início a gente queria trabalhar com muito carinho na mixagem do disco, porque as músicas eram muito melhores que as do nosso primeiro EP. Mas tanto carinho acabou se arrastando por 2 anos e foi uma luta terminar as gravações. O processo de mixagem até que foi legal. Eu e Victor assumimos essa responsabilidade e nos juntamos ao nosso produtor, Bráulio Almeida, para trabalhar junto. Apesar do parto das gravações, no final das contas ainda estávamos bem animados com o resultado final.
Acabou que o conceito do Rave On é uma continuação, bem melhorada, do nosso primeiro EP. Queremos sempre expandir mais a nossa sonoridade sem ficar preso a nenhum estilo definido. Consigo ver flertes com rock alternativo americano, Madchester e lofi contemporâneo em Rave On. Mas nada muito pensado, aconteceu.”, conta Ruan sobre Rave On lançado em 2019
Tangolo Mangos
A jovem banda de Salvador (BA), Tangolo Mangos, lançou em 2020 o EP tngl_mngs.rar, um registro com 5 faixas que mergulha pela cybercultura, da Vaporwave, passando pelo lo-fi e até mesmo mergulhando na cultura do jazz desértico.
No registro anterior o grupo baiano já mostrava interesse pela psicodelia brasileira e isso também transparece em referências como os goianos do Boogarins e os australianos do King Gizzard & the Lizard Wizard mas que também se conecta ao moderno jazz do Saara, de projetos como Mdou Moctar e Tinariwen. Desde então eles tem trabalhado em videoclipes para divulgar o trabalho, realizando parceria com outros artistas e compondo novos sons.
Tagua Tagua
O músico gaúcho Felipe Puperi conhecido nacionalmente por seu trabalho ao lado da Wannabe Jalva lançou em 2020 o álbum de estreia do Tagua Tagua, Inteiro Metade, via Natura Musical e Costa Futuro. Após dois EPs lançados com o projeto, Tombamento Inevitável (2017) e Pedaço Vivo (2018), ele apresenta o álbum Inteiro Metade.
“É um disco sobre o processo de encontrar novos espaços pras mesmas pessoas dentro da vida. É ser inteiro num dia e metade noutro. A caminhada da transformação, da aceitação dessa mudança dentro de nós. Nesse percurso, aparecem os mais variados sentimentos: euforia, alegria, gratidão, saudade, tristeza, luto. Morre uma relação pra nascer outra”, conta Felipe
No começou de março foi lançado seu segundo álbum de estúdio, Tanto, através do selo estadounidense Wonderwheel Recordings. O som mergulha entre o neo soul, o indie rock, a psicodelia e o R&B.
Jandaia
De Florianópolis (SC), a Jandaia é composta por Victor Fabri (Frabin), Murilo Salazar, Idyan Lopes (Rascal Experience) e Lucas Prá e no ano passado apresentaram seu álbum de estreia, Estrago.
O “Pop da Jandaia” vai do funk carioca, pop, R&B, passando pelo hip-hop, brega e indo ao indie sem problemas. Ouvir o disco é também um pouco de se permitir adentrar a esse universo plural do grupo. “Gaia”, por exemplo, traz o brega e até mesmo nos leva para a atmosfera Raf Eletronics do pagode dos anos 90 e já emenda com “Ei Mulher”, com camadas de dream pop, espírito tropical e beats de funk carioca em uma letra explicitamente romântica.
Já o hip hop dá as caras em “Grude”, “Vai e Vem” e “Afogar” – esta última, ainda mais lo-fi, traz metais deixando ela com características jazzy e upbeat. O pagodão baiano aparece em “Baile”. O disco ainda passeia por outros estilos fazendo um suco do indie brasileiro. Curiosa mistura, né? Vale a pena conhecer!
Tagore
O pernambucano Tagore Suassuna lançou seu mais recente álbum, Maya via selo Estelita, em 2021. Este que conta com produção do ex-baterista da Nação Zumbi, Pupillo Oliveira. Com a psicodelia como parte de partida assim como em seu trabalho anterior, Pineal (2016), ele conecta o baião e as referências da psicodelia nordestina a astrologia em faixas como “Capricorniana. Algo que em seu primeiro EP já havia realizado.
E você, já conhecia as bandas de Indie Rock citadas? O que acha da volta do rock ao mainstream?
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