A volta do Rock ao Mainstream: Emo e Pop Punk como tendência

08 fevereiro POR ALGOHITS

A volta do Emo e do Pop Punk como tendências nas redes sociais 

De tempos em tempos o bastão é passado para a próxima geração de jovens. Ainda mais quando o assunto é a cultura pop. Isso se extende também para as tendências e comportamentos. No momento, os jovens da Geração Z – pessoas nascidas entre 1995 e 2010 – hoje representam 24% dos brasileiros, com aproximadamente 51 milhões de pessoas, são um mercado explorado pelos diversos setores da moda, tecnologia, games, comportamento a cultura pop. Tendo a música um importante papel na forma de se comunicar, seja por memes como por trends de TikTok.

O Revival do Rock dos Anos 2000

Se a geração anterior foi atrás do revival dos anos 80 e 90, a Geração Z mergulha no revival dos anos 2000, em vários âmbitos e a música pop que bombava acaba entrando na mesma playlist que o K-Pop, Hip Hop, eletrônica, trap ou Billie Eilish. Aliás, as redes sociais tiveram papel fundamental para o revival do pop rock, emo, indie rock e pop punk para uma nova geração. Isso, claro somados a oportunidades da indústria da música e a volta das guitarras para o primeiro plano.

O reflexo disso é de no exterior existir uma sólida base de sustentação e intercâmbio entre gerações. Um grande exemplo é o baterista Travis Barker, do Blink 182, banda de pop punk dos anos 2000, que enxergou a oportunidade em apostar na revelação de novos talentos para o segmento. Com boa circulação nos universos do rock, pop punk e hip hop, ele descobriu e impulsionou artistas como Machine Gun Kelly e WILLOW, filha do ator Will Smith.

Com o sucesso dos artistas outros movimentos foram possíveis dentro da indústria da música. Como a volta do Paramore e o primeiro disco de inéditas da banda em 9 anos, assim como o comeback do My Chemical Romance aos estúdios e palcos, e da Avril Lavigne, que nunca parou, aproveitando para realizar turnês mundiais.  O efeito nostalgia também pode ser sentido no Brasil e o Rock In Rio saiu na frente trazendo consigo shows da própria Avril, Fall Out Boy e do Green Day.

Paramore está confirmado com dois shows no Brasil em Março de 2023. Já o Blink 182 está presente no line up do Lollapalooza Brasil 2023.

O anúncio de voltas de bandas como NX Zero, escalado para o MITA Festival, o provável retorno do Fake Number, que lançou single, e do Restart alimentam ainda mais a tendência do revival.

A volta do Pop Rock as rádios com referências dos anos 2000

Olivia Rodrigo, um novo nome da geração, chegou a ser ventilado entre as possibilidades. Aliás, Rodrigo, chegou até mesmo a ser acusada de plágio por uma canção do Paramore, e isso foi reconhecido na justiça. Negativo por um lado, só mostra como o revival é forte – e incentivado – dentro da indústria.

O pop rock de Olivia também aparece na sonoridade de Maggie Lindemann, revelação de apenas 24 anos. O TikTok também é um local onde o pop punk ganhou força e uma das artistas que ganhou lastro por lá foi Leah Kate que em 2022 chamou a atenção pelo viral “10 Things I Hate About You” e desde então assinou contrato com gravadora e já pode se apresentar ao lado de artistas com carreira consolidada.

O reflexo da influência do rock dos anos 2000 aparece até em artistas que utilizam poucos elementos sonoros mas miram nas atitudes no palco, como é o caso da Halsey que já falou por diversas vezes que uma das suas maiores inspirações quando sobe no palco é de Adam Lazzara, vocalista do Taking Back Sunday.

machine-gun-kelly - A Volta do Rock Ao Mainstream: emo e pop punk

Machine Gun Kelly ganhou reconhecimento e haters devido ao seu sucesso com a Geração Z e polêmicas. – Foto: Divulgação

A volta do Emo e Pop Punk aos holofotes no Brasil

Não que em algum momento o Emo e o Pop Punk produzido no Brasil e no mundo, tenha deixado de acontecer. Muito menos que excelentes bandas tenham deixado de aparecer. Mas sim, o interesse midiático e os holofotes dispersaram para outros estilos. Com a busca recorrente por novos artistas, tanto playlists como festivais tem escalado novos nomes. Por isso separamos nomes que se destacam e de certa forma dialogam com o revival que tem acontecido no exterior.

Bullet Bane

Nascido como Take Off The Halter, o Bullet Bane está em atividade desde 2008 trazendo em seu som influências do punk rock melódico, emo e mais recentemente até mesmo elementos da música eletrônica. A formação atual conta com Arthur Mutanen (vocais), Danilo Souza (guitarra), Fernando Uehara (guitarra), Rafael Goldin (baixo) e Renan Garcia (bateria) e no ano passado lançaram o seu quinto álbum de estúdio, BLLT.

“Lembro Quando Começou”, inclusive, conta com a parceria com Lucas Silveira, vocalista da Fresno. E desde o quarto disco, Ponto, a sonoridade da banda paulistana tem passado por uma transformação profunda. Outra banda que quem gostar de Bullet Bane pode curtir e também tem parceira com Lucas, em “Desalento“, é a banda carioca Zander, de Gabriel Zander (Noção de Nada), que em 2021 lançou o álbum Em Carne Viva.

Fresno

Desde 1999 em atividade a Fresno talvez seja uma das bandas de rock e emo mais consolidadas no mainstream nacional. O grupo formado por Lucas, Vavo e Guerra, possui 9 álbuns de estúdio, sendo  Vou Ter Que Me Virar (2021) o mais recente. Além disso eles lançaram também o ousado projeto INVentário (2021) no qual puderam colaborar com uma série de novos artistas como Tuyo, Jup do Bairro, Mutanen (Bullet Bane), Keops e Raony (Medulla), Terno Rei, Mateus Asato, Twin Pumpkin, SIRsir, além do rapper niLL, e do MAGIC OF LIFE que flerta com o universo dos animes.

Vou Ter Que Me Virar, tem um pouco de tudo que eles podem oferecer, tanto esteticamente como em sua plasticidade e gama de possibilidades que podem ser exploradas. Thiago Guerra até define como “Rock, direto, livre e com muita vontade”, mas vai muito além disso.

No campo estratégico e contra o algoritmo, podemos fazer um paralelo de Vou Ter Que Me Virar com a estratégia do disco de Anitta, no qual consegue a cada faixa explorando diferentes estéticas e estilos, contemplar diferentes nichos de público. Algo poucas vezes utilizado dentro do rock brasileiro. Desta forma eles reinventam sua própria forma de fazer pop conseguindo reunir parceria com nomes como Lulu Santos na love song, “Já Faz Tanto Tempo”. Faixa que tem aquela atmosfera do Fun., uma linha de guitarra leve e esperançosa e uma batida pop que deixa Lulu bastante confortável. Pronta para a rádio e para dialogar com alguém pouco familiarizado com o rock do grupo mas que cantarola quando toca o feat. de Gotye com a Kimbra.

A faixa título “Vou Ter Que Me Virar”, por exemplo, mostra a maleabilidade pop de Lucas nos vocais aliada a um instrumental que dialoga com a perspicácia pop de produtores como The Weeknd e Giorgio Moroder.

Mostrando como a busca por estar sintonizados com as tendências é uma das razões da longa vida do grupo que além do emo e rock traz sintetizadores e experimentações eletrônicas em sua sonoridade.

Sebastianismos

Se aproximando da estética do Machine Gun Kelly, Sebastián Piracés-Ugarte, conhecido popularmente através do seu nome artístico Sebastianismos, lançou seu primeiro disco solo em 2021, Tóxico. Conhecido como integrante da francisco, el hombre, ele decidiu apostar em uma sonoridade bem distinta do seu projeto principal e com referências de pop punk, pop rock, reggaeton, punk rock e do revival do emo.

O material ainda reúne participações de Russo Passapusso (BaianaSystem), Malfeitona, Jaloo e Luê. O disco tem temas diversos, passado pelo amor ao campo inflamado da política.

menores atos

O power trio carioca de rock alternativo, menores atos, formada por Cyro Sampaio nas guitarras e vocais, Celso Lehnemann, no baixo e por Ricardo Mello (Bola) na bateria e vocais guturais, o grupo lançou o álbum de estréia Animalia em 2014. O emo, o hardcore e o grunge acabam sendo referências principais da banda que integra o casting da Flecha Discos.

Em 2018 foi lançado o álbum Lapso que tem como influência o som de grupos como Radiohead, Thrice, Warpaint, Soundgarden, Nirvana, Refused, Oceansize, Pearl Jam, Fiona Apple, Beatles, STP, Tool, Basement e Citizen como relevou Cyro em entrevista na época. Em 2022 foi a vez do EP Lúmen ser lançado com 5 novas músicas (ouça).

Raça

Após Deu Branco (2013) e Saboroso (2014), a banda paulistana de rock alternativo Raça disponibilizou em 2019 seu mais recente material, Saúde, via Balaclava Records. O disco conta com participações especiais nos vocais de Heloisa Cleaver e Bruna Guimarães (a brvnks).

Em sua formação o grupo que conta com Popoto Martins (guitarra e voz), Thiago Barros (bateria), João Viegas (teclado e vocal), Santiago Mazzoli (guitarra) e Novato Calmon (guitarra e vocal), mostrou no último disco uma maturidade e percepção sobre envelhecer – e suas consequências. Neste lançamento também é notório o maior uso dos sintetizados, trazendo referências dos anos 90, do indie rock ao emo. Se gostou da sonoridade do grupo vale conferir também o trabalho do eliminadorzinho e dos mineiros da El Toro Fuerte.

Laura Schadeck

Natural de Porto Alegre, com apenas 19 anos, a artista já possui 9 anos de carreira e mais de 4,5 milhões de seguidores em suas redes sociais. Semifinalista do The Voice Kids, ela já teve músicas que fizeram parte da trilha sonora de três novelas da Globo. Em seu repertório ela conta com composições, covers e mais de 4 milhões de plays no Spotify por mês, tendo lançado 14 videoclipes.

Inspirada por nomes como Olivia Rodrigo, Avril Lavigne, Di Ferreiro, Billie Eilish, Day Limns, Charlie Brown Jr., além de nomes do pop como Giulia Be, Jão e Demi Lovato, ela recentemente lançou o EP, A Saudade – EP2,  optando por apostar no pop punk. A faixa “Réu Primário” está presente no material.

“Quando ouvi a primeira demo dela (‘Réu Primário’), fiquei impressionada como o Leo, meu produtor, entendeu tudo o que eu tinha imaginado pra faixa sem termos tido esse diálogo específico, começando com um timbre de guitarra mais retrô e ser encorpado no refrão. Eu fiquei muito satisfeita com o resultado que entregamos e amo como tudo na música conversa entre si”, resume Laura Schadeck

E você, já conhecia as bandas de Emo e Pop Punk citadas? O que acha da volta do rock ao mainstream?
Acompanhe outros lançamentos da AlgoHits e saiba mais da cena de música brasileira acessando outros posts em nosso blog.

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