As Principais Tendências para os Festivais de Música em 2023
Conheça as principais tendências para os Festivais de Música em 2023
Entra ano, sai ano e os encontros ao vivo que a música permite terminam sendo o motivo de experiências inesquecíveis. Os festivais de música se estabelecendo como verdadeiros catalisadores e cada vez permitindo maior interação entre o público e suas necessidades. Muitas vezes através de demandas que se conectem com o mundo em que vivemos, da diversidade, passando pela forma de se comunicar e a transformação tecnológica dos nossos tempos.
Cada vez mais conectados com os anseios e necessidades em prol de uma aproximação ainda maior, eles têm se preocupado com a construção do line up, sustentabilidade, equidade, inovação e até mesmo com a imagem dos patrocinadores envolvidos. Hoje trazemos algumas das principais tendências dos Festivais de Música em 2023.
As Principais Tendências para os Festivais de Música em 2023
1) Feats nos Palcos
As collabs em singles já é uma estratégia de marketing que vem se consolidando ao longo dos anos como estratégia de marketing focada na interação entre comunidades e bases de fãs dos artistas envolvidos para alcançar novos públicos, playlists e curadorias. Algo que desde o retorno dos festivais vem se consolidando é justamente o poder destes encontros nas apresentações ao vivo e isso não tem acontecido por acaso.
Segundo apurado pela startup, Mapa dos Festivais, na segunda semana de janeiro, por exemplo, 31 das 50 músicas, ou seja 62%, do Top Spotify Brasil eram colaborações entre artistas.
Muitas vezes os feats podem promover encontros de gerações como aconteceu em single “SIM“, de Nando Reis e Jão, ambos se encontraram em show especial do Festival Turá que aconteceu no Parque Ibirapuera e teve a organização da T4F. Nando Reis inclusive lançou um EP especial com Pitty que se consolidou em turnê em conjunto, PittyNando, justamente com o mesmo conceito de unir gerações do rock brasileiro.
Encontros entre artistas como BaianaSystem (com Urias), Baco Exu do Blues (com Luccas Carlos e Vitão), Tim Bernades (com a saudosa Gal Costa), no Coala Festival, Black Alien (com Margareth Menezes), Emicida (com BK’, Cynthia Luz e Orochi), no Festival Sarará, entre tantos outros também aconteceram ao longo de 2022.
E isso não ocorre apenas com artistas brasileiros, na primeira edição do Primavera Sound São Paulo, a neozelandesa Lorde recebeu a californiana Phoebe Bridgers em “Stoned At The Nail Salon”, sendo um dos momentos mais emblemáticos do festival. Sempre é bom lembrar que o Palco Sunset do Rock In Rio costuma trazer encontros entre artistas brasileiros, muitas vezes inusitados como o do Sepultura e a Orquestra Sinfônica.
Em 2022, foram cadastrados 86 festivais no Mapa dos Festivais e 29 deles tiveram pelo menos um encontro em seus palcos. Ou seja, 33% dos festivais registrados por lá engataram nessa tendência.
Dois festivais programados para 2023 que confirmaram encontros também foram o MITA Festival, que acontece em maio em São Paulo e no Rio de Janeiro, com encontros entre BadBadNotGood convida Arthur Verocai, Djonga convidando BK’ e o Planet Hemp com o Tropkillaz, Scracho convida Baia, Jean Tassy & Yago Oproprio, Àvuà & Rodrigo Alarcon, Slipmamy & Ebony, Larinhx convida MC Carol, Don L convida Tasha & Tracie, Far from Alaska convida Supercombo. Já o Festival Forró da Lua Cheia, de Altinópolis (SP), terá os encontros entre Mestrinho & Elba Ramalho e Curumin convida Anelis Assumpção e Saulo Duarte.
Como bem apontado pelo artigo do blog da startup, dois festivais que ocorrem em Salvador (BA) logo no começo do ano, também se destacam justamente por terem estes encontros como prioridade dentro do seu line up. A edição do Rec-Beat, tradicional festival pernambucano, na cidade e Festival de Verão 2023, seguem esta linha.
Já o festival mineiro SENSACIONAL! anunciado em março, e que acontece em junho, reúne encontros entre Gloria Groove convida Valesca Popozuda, Fundo de Quintal convida Leci Brandão, Yago Oproprio convida Criolo e Mc Luanna convida Clara Lima.
Confira abaixo os line ups supracitados.
2) O TikTok mudando o jeito como artistas pop performam nos palcos
Em interessante artigo do jornal britânico The Guardian foi apontada a tendência do TikTok estar modificando a forma como os shows são pensados e performados por gigantes da indústria musical.
A própria necessidade dos artistas entregarem um show memorável no pós-pandemia fez com que a experiência de shows levassem em consideração demandas para as turnês. Alguns dos principais shows destacados pelos britânicos foram as turnês da Lady Gaga (com o disco Chromatica), Lorde (com o disco Solar Power), Rosalía (com o disco Motomami) e o 1975 (At Ther Very Best), estes que tiveram seus designs moldados baseados em tendências do que está bombando nas redes sociais, principalmente olhando para o TikTok e o monitorando atentamente o Twitter.
O resultado destes movimentos pode ser acompanhado em tempo real, as inovações dos shows acabam engajando os tão cultuados números de menções positivas nas redes sociais elevando o produto show aos trending topics. E vale tudo como o próprio 1975 proporcionou segundo o levantamento. O vocalista Matty Healy a cada noite além da preocupação com o cenário instagramável ainda em sua performance contribuia com atitudes fora do esperado como beijar fãs a até mesmo comer carne crua no palco. Isso no universo online viralizando, causando comoção e reações diversas nos fandoms.
Tobias Rylander, responsável pelo design da turnê do 1975, afirmou que é altamente levado em consideração” um show que lê muito bem o que se passa nas redes sociais”. Ao longo dos anos ele diz que o design de shows tem tido uma preocupação maior em ser “prontos para o instagram” focado na experiência em permitir uma melhor experiência para os fãs no momento das filmagens e fotos na vertical. Ele ainda aponta que a mudança é constante nos shows da banda e dá para dizer pela cor da thumbnail do Youtube de que ano a música do grupo foi lançada.
Isso também passa pela preocupação em levar para os palcos telas brilhantes e bastante coloridas em LED, pensando como se fosse uma produção de teatro. Isso também é uma forma de driblar os altos custos da tecnologia de luzes que subiram muito por conta da demanda no período pós-pandemia. Rylander ainda aponta que pensar em como o show impacta o meio ambiente fez com que o set dos palcos fosse mais sustentável para ser transportado de continente a continente. Entre os materiais que eles priorizam são estruturas de metal e alumínio, facilitando o transporte e evitando ao máximo o desperdício.
Já o show da espanhola Rosalía é total pensando para o TikTok, com telas gigantes na vertical e prontas para serem compartilhadas no app chinês, com direito a dançainas, minimalismo e buscando a proximidade com o público.
3) Maior Equidade de Gênero nos line ups de Festivais de Música
Desde 2011, Vanessa Reed, a mulher à frente da PRS Foundation, já apontava as desigualdades no meio musical e estratégias para combatê-las. Ela lidera o programa internacional Keychange, que investe no desenvolvimento de artistas mulheres e profissionais inovadoras no ramo musical, além de vir firmando, com mais de cem festivais do mundo todo, o compromisso de alcançar a paridade de gênero na programação de festivais de música.
Tendo em vista iniciativas como esta a pwr records nasceu em 2016 para potencializar mais mulheres por meio da música. A pwr é uma plataforma brasileira de desenvolvimento e gestão de carreiras dentro do ecossistema da música com ênfase na potencialização de mulheres. Atuando como selo, agência, produtora e podcast com olhar cuidadoso e atenciosos a musica produzida pela nova geração de mulheres artistas, seja através de projetos autorais ou oferecendo iniciativas de capacitação.
O Cenário
Em 2020 foi em levantamento da UBC analisando 17 dos principais eventos nacionais do gênero constatou que a grande maioria tem preponderância masculina, enquanto só quatro – ou 17,6% tiveram mais de 50% de atrações femininas em 2019. Já um estudo do Reino Unido divulgado em 2022 pela BBC News a quantidade de healiners em festivais na região apontava que só um headliner a cada dez é feminino em eventos realizados no ano passado.
Conforme apurado pela Rolling Stone UK, principais festivais da Europa e Estados Unidos fecharam compromisso para adotar line-ups com 50% de homens e mulheres há 5 anos, mas isso não aconteceu. Foram 50 eventos analisados, com 200 performances principais. Apenas 26 (13%) eram bandas formadas por mulheres ou artistas solo. Enquanto 149 (74,5%) eram bandas formadas por homens ou artistas solo masculinos.
As Iniciativas
Em 2020 capitaneado pela T4F criou o festival GRLS!. O conceito do festival é trazer shows nacionais e internacionais destacando a grande potência feminina mundial. Além disso, palestras que incentivam um bate-papo para a troca de ideias e se inspirar em mulheres que nos ajudam a sonhar e crescer. Tendo recebido na primeira edição nomes como Kylie Minogue, Linn da Quebrada, Tierra Whack, Gaby Amarantos, Mulamba, MC Tha, Iza e Little Mix dentro da programação musical. Em 2023 o festival está programado para os dias 04 e 05/03 e até o momento divulgou em seu line up musical artistas como Tinashe, Sandy, Ludmilla, Jojo, Alcione, Gayle, Blue Detiger, Duda Beat, Mariah Angeliq, Manu Gavassi, Margareth Menezes, Rachel Reis, ANAVITÓRIA, Majur e Lexa. Mais atrações devem ser anunciadas ao longo do ano.
Provando a tendência, o festival realizado no Brasil que se destacou logo em sua estreia por ter line up dividido quase na metade entre artistas masculinos e femininos foi o Primavera Sound São Paulo.
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Um compromisso que a WME (Women’s Music Event) tem atuado para aumentar o protagonismo das mulheres na música por meio da WME Conference, o WME Awards By Music2! e do aplicativo Banco de Profissionais WME. Com o desafio de levar equidade de gênero nos line-ups de festas, festivais, clubes e casas de shows pelo país foi lançado em 2021 o selo IGUAL, que convida os eventos musicais a ter pelo menos metade da equipe composta por mulheres – não-binárias ou trans -, seja na área artística e produção.
Os eventos e marcas interessados em obter o selo devem preencher o formulário disponibilizando informações sobre equipes de trabalho, neste link. Algumas iniciativas da música, como Heavy House, Se Rasgum, Coquetel Molotov, Festival Bananada, Sim São Paulo, Sarará e Balaclava Records, já receberam o selo por suas atividades mais recentes.
Idealizada por Claudia Assef e Monique Dardenne, a iniciativa foi inspirada na Keychange, selo global que trabalha com certificação de eventos musicais em 12 países e apresenta dados importantes sobre a indústria da música, elaborando um levantamento sobre a porcentagem de mulheres no ranking 100 da Billboard (apenas 20%).
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A Parceria Rock The Mountain x WME
Para a edição comemorativa de 10 anos do festival Rock The Mountain, que acontece em Itaipava (RJ), o festival decidiu dedicar 100% do seu line up em artists brasileiras, mostrando a diversidade de estilos musicais e mais de 100 atrações divididas ao longo dos seus 8 palcos.
A criação do line up teve apoio e consultoria do do Women’s Music Event, que além da diversidade da seleção das atrações também criou ações dentro do festival para aumentar a participação de mulheres nas áreas de produção e técnica.
“A cada ano, vínhamos aumentando a participação feminina no festival, dando mais protagonismo tanto nos palcos quanto na hierarquia do line-up. Para a edição de 2023, já tínhamos definido colocar somente mulheres em todos os palcos, e quando conseguimos fechar Marisa Monte, Maria Bethânia e IZA, tivemos ainda mais essa certeza”, conta Ricardo Brautigam, sócio-criador do festival.
Outras preocupações do festival
“A gente gosta de quebrar barreiras, como aconteceu quando criamos a praça de alimentação 100% vegetariana. Somos um festival que não tem fogos, por causa de animais e pessoas sensíveis a ruídos, também somos carbono neutro e estamos rumando para ser lixo zero”, conta Brautigam
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Agora é ficar atento e ver quais serão as próximas iniciativas por parte da cadeia produtiva dos festivais
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